Os pés que em mim sempre estiveram no chão
Nelas estavam no ar
O amor que eu almejava uma o tinha em suas mãos
E não dava
Mas não perdi
Pois enquanto ela chorava cascatas
Eu desaguava em copos d'água
Vazios, não tão vazios
Alguns cheios do nada
E me entregava a rumores de amores vadios
Completamente sadios e cheios de mágoas
Cantei canções para que ela dormisse
Me prestei a tal caretice
Ela me beijava e com os olhos dizia, me usa
Enquanto com sorte, teu porte arrancava sem jeito
Minha blusa
Sem me tirar do chão
Sem me levar pra tua
Violou corações, conheceu metade da rua
E nua
Declarou-se à paixões
Invencíveis e cruas
Nocivas e duras
Transpassei desertos , meu sofrer por elas foi certo
E num vagar desperto
Notei que para ela eu era apenas o incerto
Insano
E com o passar dos anos
Tudo o que era lindo transformaria-se em espanto
Mas não sou santo , odeio velas
Não me importa o que diga a lua
A minha vida na dela
Será sempre a continuidade da tua .
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